O último incêndio de grande proporção
ocorrido no Estado, na segunda-feira, 06, em Cachoeira, atingiu dois casarões
históricos e revelou mais uma vez a fragilidade do Corpo de Bombeiros da
Polícia Militar da Bahia (CBPM-BA). Não havia na cidade, tombada pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), uma unidade do Corpo de
Bombeiros.
Em Salvador, a situação não é
diferente. Enquanto a capital baiana cresce, com o surgimento de espigões nas
avenidas Paralela e Tancredo Neves, por exemplo, a infraestrutura da corporação
na capital vai na contramão desse crescimento. Em caso de incêndios em um andar
alto desses edifícios, por exemplo, não será possível debelar as chamas. “As
quatro escadas magirus que sobraram, que têm entre 40 e 50 metros e chegam até
o 14º andar, estão quebradas. Só podemos apagar no máximo até o 6º andar”,
afirma o presidente da Associação de Policiais e Bombeiros do Estado da Bahia
(Aspra), Marcos Prisco.
Mas o problema é apenas um dentre
tantos apontados por fontes ligadas à corporação: faltam tesouras, viaturas,
materiais de proteção e, principalmente, bombeiros.
Carência - Segundo o CB,
no Estado existem 2.082 militares bombeiros, quase 12 mil a menos do que é
recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU) – um bombeiro para cada
mil habitantes. Tendo em vista os 14 milhões de habitantes na Bahia (conforme o
Censo do IBGE 2010), o ideal seria um efetivo de 14 mil bombeiros e, em
Salvador, há um efetivo de 2,7 mil.
O pequeno contingente existente está
espalhado em 15 grupamentos e cinco subgrupamentos pelo Bahia para atender aos
417 municípios. Na capital, há apenas três grupamentos (Barroquinha, Simões
Filho e Iguatemi), quando o necessário seriam pelo menos 15, apontam fontes da
corporação. “As instalações físicas em Salvador estão acabadas. Goteiras,
infiltrações e falta de conforto são constantes”, reclama um bombeiro.
O número de viaturas existentes na
corporação também está aquém do recomendado pela ONU. São 98 para todo o
Estado, enquanto a recomendação é de uma para cada grupo de 10 mil habitantes.
Isso significa que existe uma viatura para 150,5 mil habitantes. “Para
debelarmos qualquer incêndio na Bahia, dependemos da brigada de incêndio do
Polo Petroquímico, dos carros-pipa da Embasa ou das prefeituras locais e dos
poucos hidrantes”, reclamou uma fonte da corporação, que pediu para não ser
identificada.
Desmilitarização - Uma das
reivindicações dos bombeiros é pela desmilitarização da corporação. Atualmente,
somente a Bahia, o Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná mantêm estas
estruturas dentro da instituição da Polícia Militar.
Uma das fontes entrevistadas, que
preferiu não ser identificada, afirma que o fato de os bombeiros serem
considerados parte da PM faz com que eles não tenham orçamento próprio. A
verba, que primeiro passa pela PM, tem uma pequena parte destinada aos
bombeiros. “A PM recebe o valor, mas investe sempre em armas ou policiamento
ostensivo. Se formos desvinculados, teremos condições de investir em
equipamentos, em viaturas, em proteção e materiais de combate ao incêndio”,
explica.
As informações são do A Tarde Online.
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